quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

"Memórias de um velho computador"

Há algumas semanas rolaram umas coisas. Uns discos, pra falar a verdade, que me puseram pra pensar.
Por uma loja do exterior chegaram algumas encomendas dos clássicos Zappa, Faces, Rory Gallagher, Rush, Humble Pie e toda essa wonderful shit gringa de sempre. Não adianta, é clássico e é ótimo.
Mas, depois, dando umas dicas de música brasileira out-tourist pra uma amiga dos EUA, foi dando um "deja-vu", um sentimento daqueles do tipo brasilidade. Então, resolvi afundar de novo nesse sertão que já desbravei um dia. Não que tenha me afastado de todo dele, pois Bituca e a minerada do Clube da Esquina moram em meu coração.
O indefectível Vôo de Coração: um petardo ointentista
Com isso, só sei que me vi saindo da Saraiva com uma Marisa Monte, um O Rappa, um Black Rio e, a pérola, o primeiro do inglês Ritchie, o Vôo de Coração (1983), numa edição super transada com caixinha de papelão (as minhas preferidas) comemorativa de 25 anos. O álbum estourou na época com o classicasso "chiclete" (alô, Marcete!) "Menina Veneno". Gostei logo de cara da edição lendo o prefácio do Bernardo Vilhena, letrista das músicas do disco.
Richard David Court, o Ritchie, é o elo tupiniquim com o rock clássico do Velho Mundo: o cara é amigo do Steve Hackett que foi guitarrista do Genesis na época de ouro que esse grupo tinha o performático Peter Gabriel nos vocais. Ritchie é o gentleman que mostra nas entranhas dos 80's como o amor sincero ainda é bacana. Um cara de caráter.
Vimana: o fim do sonho de se fazer rock progressivo de qualidade no Brasil (da esquerda para a direira: Fernando Gama, Lobão, Luis Paulo Simas, Lulu Santos e Ritchie
As performances lendárias do Genesis
Caras, após mais de 25 anos sem ouvir o vinil do meu irmão, quando coloquei este CD do Vôo de Coração, foi um viagem (vôo de coração e de mente): Aqueles teclados e aquela bateria são um delicioso testemunho fiel dos anos 80. O disco tem uma pequena nata oriunda do "falido" rock progressivo setentista: Lulu Santos nas guitarras, Lobão na bateria (seus ex-colegas do lendário Vimana), o grande Liminha (ex-Mutantes) no baixo e, olha aí, conta com a participação especial do Steve Hackett na guitarra em duas faixas. 
O que agrega muito na edição são os comentários que Ritchie faz em cada faixa (bom, essa expressão é mais apropriada para um vinil...hehe).
Richard David Court em foto inconográfica dos anos 80
Em "A Vida Tem Dessas Coisas" (uma das minhas preferidas) ele destaca a "batida do Geme-Geme" que Lobão havia criado para tocar na música homônina da Blitz (sim, ele tocou no começo da Blitz), e ali re-utilizada. Tal "batida sincopada", ele conta, é "capaz de derrubar até alguns dos bateristas mais habilidosos do planeta". Não é por menos: Lobão sempre foi um prodígio auto-didata. Na música Vôo de Coração Ritchie conta que a gravaram nos porões da Warner com o Steve Hackett utilizando uma Gibson Les Paul emprestada e seus vocais foram captados no banheiro (haha), utilizando a reverberação natural do revestimento de azulejo. Que ótimo!
A edição conta ainda com algumas faixas bônus, como  Menina Veneno em espanhol (!).
E o resto é história...e audição!

"A vida tem dessas coisas, olha só nós dois aqui" 
Keyboard photo session: impagável...

3 comentários:

  1. Muito bom o post... matou um pouco da minha nostalgia! O Marcete da Menina Veneno se refere a mim??? rsrsrs Grande abraço!

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  2. ah, e a foto do Lobão, Lulu e cia. é demais, fez sucesso aqui, entre os nostálgicos da modernidade...rs

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  3. Lógico, vc que me apresentou esta nova utilização da palavra "chiclete". Abraço e apareça!

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